piada com políticos
Passeata
reuniu nomes do primeiro time do humor brasileiro.
Multidão caminhou e brincou da orla de Copacabana ao Leme.
Hélio de La
Peña, Marcelo Madureira e Fábio Porchat comandam
o protesto.
Humoristas se reuniram na Praia de
Copacabana, na Zona Sul do Rio,
na tarde de muito sol deste domingo (22), para
tratar de um assunto
sério. Eles foram protestar contra uma lei eleitoral que
proíbe que
sejam feitas sátiras com candidatos durante o período de campanha
eleitoral. A manifestação, que foi organizada pelo grupo Comédia em
Pé, teve a
participação de grandes nomes do humor nacional, como
Hélio de La Peña, Marcelo
Madureira e Cláudio Manoel, do Casseta
& Planeta, Danilo Gentili, do CQC,
Sabrina Sato, do Pânico na TV,
além de Sérgio Malandro, Bruno Mazzeo, Lúcio
Mauro Filho e outros.
A lei eleitoral 9.504, de 1997, diz em seu
texto, que é proibido a emissoras
de TV ou de rádio “usar trucagem, montagem ou
outro recurso de áudio
ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou
ridicularizem candidato,
partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa
com esse efeito”.
A proibição vale tanto para a programação normal, como para
os noticiários.
“É como se proibissem falar de futebol em
época de Copa do Mundo”,
comparou Mazzeo. “Essa lei é estapafúrdia e
antidemocrática. E a democracia
foi reconquistada no Brasil com muita luta.
Muita gente morreu para que a
gente vivesse em um país democrático”, enfatizou
Lúcio Mauro Filho, um dos
mais incisivos no discurso.
Para humorista, fazer humor hoje é mais
difícil do que na ditadura
Marcelo Madureira, um dos fundadores do jornal Casseta Popular, que fazia
Marcelo Madureira, um dos fundadores do jornal Casseta Popular, que fazia
sátiras de políticos em plena ditadura, disse que é mais difícil fazer humor
hoje
do que durante o regime militar. “Hoje a censura é pior porque não é
explícita.
Tanto políticos de direita, quanto de esquerda, usam o poder que têm
para inibir
emissoras de rádio e TV”, ressaltou. “Os políticos não querem ser
expostos”,
acrescenta Lúcio Mauro. “Hoje, existe um movimento anti-imprensa,
antimídia.
Uma lei anti-humor deixa o Brasil muito atrasado”, analisa Cláudio
Manoel.
O protesto, que atraiu a atenção de
centenas de pessoas, se concentrou em frente
ao Hotel Copacabana Palace. Por
volta das 16h, os humoristas, acompanhados
de uma multidão, fizeram uma
caminhada em direção à Praia do Leme, continuação
da orla de Copacabana. Os
manifestantes recolheram assinaturas contra a lei.
Marcelo Madureira, ao lado de Fábio
Porchat, integrante do Grupo Comédia em
Pé, comandaram a passeata. E durante o
percurso ficou provado que, como
manifestantes, eles são ótimos humoristas,
pois muitos comediantes ficaram para
trás, ainda na concentração. “Rubinho,
Rubinho”, berrou Porchat ao megafone,
acompanhado pela multidão, chamando pelos
atrasados. Mais adiante, outro
coro foi puxado: “Um, dois, três, quatro, cinco,
mil, queremos liberdade para os
humoristas do Brasil!”.
“Essa lei não deveria
nem existir”, afirmou Danilo Gentili. “Os políticos abriram a‘porta dos desesperados’ errada, e agora os humoristas saíram atrás deles”,
brincou Sérgio Malandro, referindo-se a um quadro do seu antigo programa.
“Os humoristas não vieram aqui fazer piadas, mas sim para lutar por elas”,
concluiu Lúcio Mauro Filho.
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